Tudo, e vou te explicar por quê!
A Oxford escolheu o termo "brain rot" como a palavra do ano 2024. Em tradução livre, seria algo como o "apodrecimento do cérebro". O termo, nascido nesse advento das mídias sociais, se refere ao efeito dos conteúdos rasos e repetitivos sobre o cérebro, como aqueles vídeos curtos, memes e fofocas que inundam nossas timelines.
Esses conteúdos trazem alívio e recompensa instantânea, aquela dopamina, mas, segundo especialistas, prejudicam a concentração, a capacidade de resolução de problemas e até o prazer em coisas simples.
É como se o cérebro fosse ficando “preguiçoso” pra lidar com coisas mais complexas ou perdendo a capacidade de foco, como, sei lá, ler um livro sem desistir na página 2.
E entre esse excesso de conteúdos digitais, claro, estão os anúncios, que se infiltram no meio do entretenimento enquanto deslizamos a tela.
Nesse caos digital, as marcas têm voltado a ocupar espaços físicos. E é aí que entra a polêmica da Batata Ruffles.
Nesse final de ano, a PepsiCo propôs rebatizar o Largo da Batata, em São Paulo, como "Largo da Batata Ruffles".
A ideia parecia divertida e explorava o conceito de naming rights – o direito de uma marca dar nome a um espaço em troca de investimento. A proposta envolvia a exibição de mobiliário urbano com a marca Ruffles por dois anos, ao custo de R$ 1,1 milhão, convertido em melhorias pro Largo.
No entanto, a reação foi negativa nas mídias sociais e a prefeitura acabou cancelando o projeto - na minha humilde opinião, aparentemente mais preocupada com o baixo valor da oferta do que se paga por estratégias de naming rights do que com questões culturais ou históricas do Largo.
Apesar do fiasco, naming rights não são novidade. Exemplos recentes de 2024 incluem o Estádio do Pacaembu, rebatizado pelo Mercado Livre por 30 anos em um acordo de R$ 300 milhões, o maior já registrado no Brasil.
O Morumbi virou "MorumBis" com um contrato de R$ 75 milhões por três anos com a Mondelēz.
Outras iniciativas incluem a Arena MRV, o Allianz Parque e a Neo Química Arena, além de estações de transporte público em São Paulo, como a estação do metrô “Paulista-Pernambucanas” e “Estação Saúde-Ultrafarma”.
Até eventos simbólicos, como o Natal, entraram na estratégia de branding. A maior árvore de Natal de São Paulo, no Parque Ibirapuera, foi patrocinada pelo Nubank pelo segundo ano, com luzes roxas (obviamente) reforçando sua presença num momento de forte apelo emocional.
Esses exemplos mostram como as marcas estão ocupando todos os espaços – digitais e físicos.
E o que isso tem a ver com "brain rot"? Tudo!
O que está em jogo é a Economia da Atenção.
Quando o ambiente online atinge um limite de saturação, o espaço físico surge como um campo aberto para branding.
As marcas exploram novos territórios e diferenciação para capturar a percepção do público e conquistar algum tipo de proximidade e lembrança no seu cérebro - já cansado.
Naming rights, revitalização de praças e intervenções urbanas garantem que a publicidade continue presente mesmo quando você desliga o celular. Uma disputa sem fim pela “Economia da Atenção” – nas telas, nas ruas, no meio do caminho.
Mas será que é possível escapar desse bombardeio?
Desconectar parecia a solução para reduzir estímulos e ansiedade, mas, ao sair, o branding te acompanha pela cidade.
E aí, o que você acha desse movimento? Será que ainda existe um respiro para a gente desacelerar e reconectar de verdade?
Me conta nos comentários, vou adorar saber sua opinião!
Por: Antônio Netto
Gerente de Planejamento, liderando estratégias de marketing para o varejo. Com vasta experiência, também sou Professor, mestrando em Administração, e consultor em marketing digital, focado em inovação e prática.
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