
A saúde mental nunca esteve tão em pauta – e, ao mesmo tempo, nunca foi tão desafiadora. Entre redes sociais saturadas de discursos sobre bem-estar, um mercado de trabalho cada vez mais exigente e a constante instabilidade financeira, os brasileiros vivem um paradoxo: 75% dizem que sua saúde mental é boa, mas 73% relatam sintomas emocionais nos últimos dois anos.
O estudo "Saúde Mental no Brasil", conduzido pelo Instituto QualiBest, revela um panorama detalhado sobre a autoavaliação dos brasileiros em relação à sua saúde mental, os fatores que impactam seu bem-estar e as estratégias adotadas para lidar com esse cenário.
A pesquisa ouviu 4.087 pessoas de todas as classes sociais e regiões do país, trazendo insights valiosos não apenas para indivíduos, mas também para empresas e marcas que desejam atuar com responsabilidade nessa pauta.
O Paradoxo da Saúde Mental no Brasil
Se a maioria dos brasileiros acredita ter uma boa saúde mental, por que tantos relatam sintomas emocionais? A resposta pode estar na forma como lidamos com esse tema: o autocuidado tem sido priorizado em relação ao diagnóstico clínico.
📌 56% dos entrevistados procuraram ajuda médica para avaliar sintomas emocionais.
📌 43% receberam diagnóstico de ansiedade e 34% foram diagnosticados com depressão.
📌 37% nunca consultaram um profissional sobre saúde mental, mesmo relatando sintomas.
Entre os sintomas mais comuns estão a insônia (40%), cansaço sem causa aparente (34%) e irritabilidade (32%).
Outro ponto relevante: o uso de psicoterapia é mais comum do que o uso de medicamentos, e muitos optam por estratégias individuais para equilibrar suas emoções.
📌 61% dos brasileiros praticam exercícios físicos pelo menos uma vez por semana como estratégia de bem-estar.
📌 Atividades de lazer e momentos com a família também são adotados como formas de manter a saúde emocional.
Porém, apesar dessas iniciativas, os gatilhos para crises emocionais continuam presentes no dia a dia, principalmente no que diz respeito ao trabalho e às finanças.
Trabalho e Finanças: os grandes vilões da Saúde Mental
O estudo revela que o ambiente profissional e as dificuldades financeiras são os principais fatores que impactam negativamente a saúde emocional dos brasileiros.
💰 43% apontam problemas financeiros como a principal causa de sofrimento emocional
💼 34% afirmam que seu trabalho já impactou negativamente sua saúde mental.
📊 85% acreditam que o mercado de trabalho contribui para o surgimento de doenças emocionais.
As queixas no ambiente corporativo são claras:
- Carga excessiva de trabalho.
- Baixa remuneração.
- Falta de empatia por parte dos empregadores.
Diante desse cenário, o que os trabalhadores mais valorizam para melhorar sua qualidade de vida no trabalho?
🏆 Boa remuneração continua sendo o principal fator de satisfação.
🧠 Apoio psicológico dentro da empresa é um benefício altamente desejado.
📚 Capacitação profissional também é vista como um diferencial para reduzir a insatisfação.
As expectativas, no entanto, variam por gênero:
👩 Mulheres priorizam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
👨 Homens focam em benefícios ligados ao crescimento na carreira.
Para as empresas, o alerta é claro: não basta apenas falar de bem-estar – é preciso estruturar ações concretas que criem um ambiente de trabalho mais saudável.
O Desafio da Convivência com Doenças Emocionais
A pesquisa traz outro dado preocupante: 33% dos entrevistados convivem com alguém que enfrenta problemas emocionais, mas poucos sabem como ajudar.
Os principais desafios mencionados foram:
🔹 Fazer a pessoa perceber que precisa de ajuda (28%)
🔹 Ter paciência para lidar com a situação (21%)
🔹 Não saber como oferecer suporte (17%)
Isso reforça um problema estrutural: ainda falta educação emocional na sociedade. Muitas pessoas querem ajudar, mas não sabem como abordar o assunto ou têm medo de dizer algo errado.
Criar mais espaços de diálogo sobre saúde mental – seja dentro das empresas, nas mídias ou nas políticas públicas – pode ser um passo essencial para uma mudança real.
O que a pesquisa revela para empresas e marcas?
Se há algo que a pesquisa deixa claro, é que saúde mental não é um tema individual – é coletivo e estrutural.
📢 Empresas e marcas precisam ir além do discurso e criar estratégias reais de bem-estar, desde oferecer suporte psicológico até reavaliar políticas de carga horária e benefícios.
📊 Gestores e líderes devem estar atentos ao impacto que a cultura corporativa tem na saúde dos colaboradores.
🏛 Políticas públicas devem focar na ampliação do acesso ao diagnóstico e no incentivo a práticas preventivas.
E esse cenário está prestes a mudar ainda mais. Com a atualização da NR-1 (Norma Regulamentadora nº 1), as empresas terão até maio de 2025 para implementar normas que garantam a preservação da saúde mental de seus funcionários.
O que isso significa na prática?
A saúde mental passará a ser tratada como um risco ocupacional, equiparando sua importância à proteção contra agentes biológicos e químicos.
As empresas serão obrigadas a adotar medidas concretas para prevenir e mitigar fatores como sobrecarga de trabalho, estresse excessivo e ambientes tóxicos.
A responsabilidade das empresas será legal, exigindo que o cuidado com a saúde emocional vá além das campanhas sazonais e se torne um pilar estruturado dentro das organizações.
Assim como as empresas já fornecem Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para a segurança física, agora precisarão adotar ações específicas para a saúde mental de seus colaboradores.
Essa mudança representa um grande avanço na forma como a sociedade e o mercado de trabalho lidam com o tema, exigindo que o cuidado com a saúde emocional vá além das campanhas de Setembro Amarelo e se torne um compromisso real e contínuo.
Por: Antônio Netto
Gerente de Planejamento, liderando estratégias de marketing para o varejo. Com vasta experiência, também sou Professor, mestrando em Administração, e consultor em marketing digital, focado em inovação e prática.
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