Os novos desafios do mercado e do comportamento do consumidor empurram varejistas para uma integração entre campanhas de conversão e valor de marca
Historicamente, o varejo brasileiro vibrava ao ritmo de campanhas promocionais agressivas. "Compre agora", "super promoção", "liquidação", "ofertas e descontos" são slogans que definiram eras de vendas motivadas por preços baixos e senso de urgência. Um coro familiar aos ouvidos do consumidor brasileiro, ávido por descontos.
Durante anos, essa estratégia de 'hard sell' funcionou como o motor de vendas do setor, mas o cenário está mudando. As margens se apertam e a concorrência está super acirrada, tanto nos varejistas físicos como nos digitais, revelando que as velhas fórmulas podem não mais sustentar o crescimento desejado.
Outro ponto a se considerar é a transformação no comportamento dos consumidores. Hoje, impulsionados pela Era Digital, estão mais informados, exigentes e menos leais às empresas simplesmente por causa de preços baixos ou promoções. Consumidores buscam experiências de compra que alinhem com seus valores, exigindo transparência, qualidade e autenticidade.
Em um ecossistema de negócios cada vez mais competitivo e com os desafios das negociações comerciais, os varejistas enfrentam uma realidade inegável: não podem mais depender unicamente da comunicação de varejo tradicional.
Nesse contexto, surge o termo ‘Bretail’, um conceito que emerge da fusão - ou shippada, como diriam os xóvens - de ‘branding’ (marca) e ‘retail’ (varejo).
A ideia central do Bretail é a integração: aliar o apelo imediato das vendas com a construção de uma experiência de marca que ecoe além do ponto de venda.
Em vez de se apoiar apenas em transações de curto prazo, o conceito do Bretail busca estabelecer uma conexão duradoura com os consumidores, com maior lealdade e reconhecimento que transcende as promoções sazonais, sem perder de vista a necessária conversão.
Mas vamos com calma!
Embora o Bretail se apresente como uma solução moderna para os desafios do varejo, fica o questionamento:
Até que ponto o termo é realmente inovador?
Afinal, mesmo os varejistas mais tradicionais, em algum momento, já adotaram estratégias de construção de marca, seja através de campanhas de branding ou valorizando sua história e tradição.
Portanto, para mim, essa integração do Bretail não é uma inovação disruptiva. Na verdade, o que há de novo (ou de mais desafiador) aqui é a busca por um equilíbrio eficaz entre construção de marca e conversão em vendas.
A estratégia 360º proposta pelas agências de publicidade, embora abrangente, revela a tensão entre a teoria e a prática na busca por esse equilíbrio, que vai muito além da mera divisão igualitária dos recursos financeiros para marca e varejo.
O desafio está em tecer as ofertas promocionais com a narrativa da marca de forma integrada, superando a segmentação tradicional entre "branding" e "vendas”, como etapas desconectadas.
Este esforço visa não apenas a promoção imediata, mas o fortalecimento do chamado Brand Equity, o valor adicional da marca, desenvolvendo uma identidade de marca que ressoe emocionalmente com os consumidores, elevando assim o valor e a competitividade no mercado.
Ao cultivar o Brand Equity, os varejistas podem justificar, por exemplo, preços mais caros e expandir suas linhas de produtos e mercados, fortalecendo a fidelidade dos consumidores e estabelecendo uma base sólida para o crescimento sustentável e influência de longo prazo.
Por: Antônio Netto
Gerente de Planejamento, liderando estratégias de marketing para o varejo. Com vasta experiência, também sou Professor, mestrando em Administração, e consultor em marketing digital, focado em inovação e prática.
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