Recentemente, um empresário famoso declarou: "Deus me livre de mulher CEO", sugerindo que o papel ideal das mulheres seria canalizar sua "energia feminina" para o lar e a família, em vez de ocuparem posições de liderança.
Além disso, afirmou que "um homem que tem condição de bancar a sua mulher e não o faz está desperdiçando o maior benefício de uma mulher". Esse tipo de visão, anacrônica e desconectada da realidade, ignora um fato essencial: as mulheres são hoje protagonistas na gestão das finanças familiares.
E não sou eu que estou falando isso! A pesquisa "Relevância das Mulheres nas Finanças das Famílias Brasileiras" da Serasa (2024) revela que 93% das mulheres no Brasil têm participação ativa nas finanças de suas famílias, com 32% delas sendo as únicas responsáveis por manter o lar.
Esses dados mostram claramente o distanciamento entre o discurso de figuras públicas que minimizam o papel da mulher na economia e a realidade enfrentada por milhões de brasileiras que carregam o peso das finanças familiares.
O Protagonista das Mulheres
Os números falam por si. Dos lares pesquisados, 32% das mulheres são as únicas provedoras financeiras, enquanto outras 15% são as principais responsáveis, mas com ajuda de terceiros.
Olha só… apenas 7% das mulheres não têm participação financeira ativa no lar! Uma minoria que contrasta fortemente com a ideia de que as mulheres devem depender exclusivamente do sustento masculino.
Essas mulheres estão, na prática, liderando a gestão financeira, mostrando que o "uso da energia feminina" não se limita ao lar, mas abrange também decisões importantes sobre o orçamento familiar.
Além disso, 78% das mulheres que são as únicas responsáveis pelo sustento de suas famílias precisaram recorrer a trabalhos informais ou "bicos" para complementar a renda.
Isso demonstra a força e a capacidade de adaptação dessas mulheres em um contexto econômico desafiador, onde muitas vezes elas não contam com o suporte financeiro de outras pessoas. E tem empresário que fala que “precisa ser muito, mas muito cascudo para suportar”.
Mulheres Autônomas
A pesquisa também destaca as mulheres empreendedoras, que enfrentam um cenário de desafios financeiros e burocráticos. Cerca de 74% das empreendedoras relataram a necessidade de realizar trabalhos informais para complementar a renda.
Isso revela que, mesmo com o desejo e a força para empreender, muitas encontram dificuldades como a falta de crédito (35%), capital inicial (23%) e a busca por clientes (18%).
Enquanto o discurso empresarial ainda tenta reforçar o papel da mulher no lar, na prática, as mulheres estão à frente de seus próprios negócios, administrando empresas e lidando com responsabilidades financeiras, muitas vezes sem o apoio que deveriam ter.
Esse é o verdadeiro uso da "energia feminina": resiliência, adaptabilidade e capacidade de liderar em múltiplos campos.
Uma realidade que ignora estereótipos
É possível perceber que essa visão de que as mulheres deveriam focar sua energia exclusivamente no lar, como defendido por certos setores da elite empresarial, é profundamente desconectada da realidade brasileira.
As mulheres não só participam, como lideram a gestão financeira de suas famílias, muitas vezes enfrentando desafios e dificuldades de acesso a crédito. O papel feminino na economia familiar é muito importante, e é essencial que suas conquistas e responsabilidades sejam reconhecidas e apoiadas.
A pesquisa da Serasa deixa claro que a participação feminina nas finanças domésticas vai muito além do que alguns discursos conservadores gostariam de admitir.
As mulheres brasileiras estão transformando a economia de suas famílias e, em muitos casos, da sociedade como um todo. E essa é uma realidade que não pode ser ignorada.
Me parece que o único estereótipo possível aqui é o da “masculinidade frágil”, que tristeza!
Fonte: A Relevância das Mulheres nas Finanças das Famílias Brasileiras, 2024, Serasa.
Para baixar a pesquisa completa: Clique Aqui!
Por: Antônio Netto
Gerente de Planejamento, liderando estratégias de marketing para o varejo. Com vasta experiência, também sou Professor, mestrando em Administração, e consultor em marketing digital, focado em inovação e prática.
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