![O Brasil no corre: como a corrida se tornou um fenômeno nacional [Pesquisa]](https://static.wixstatic.com/media/4c7aaa_7bebe538406c47c2801c12f95608c80f~mv2.png/v1/fill/w_980,h_556,al_c,q_90,usm_0.66_1.00_0.01,enc_avif,quality_auto/4c7aaa_7bebe538406c47c2801c12f95608c80f~mv2.png)
Nos últimos anos, a corrida deixou de ser apenas um esporte de nicho e se consolidou como um dos maiores movimentos coletivos do Brasil.
Segundo o Relatório Anual sobre Tendências de Esportes, divulgado pelo aplicativo Strava, a corrida foi o esporte mais praticado no mundo em 2024, e o Brasil é o segundo país com o maior número de atletas, somando mais de 19 milhões de corredores.
O relatório também mostrou um crescimento de 109% de clubes de corrida no Brasil – quase o dobro da média global, que é de 59%. Houve ainda um aumento de 9% no número de maratonas, ultramaratonas e percursos de longa distância em 2024.
Mas o que explica essa explosão de corredores nas ruas do Brasil? Quais o perfis dos corredores? E, mais importante: como marcas e empresas podem se conectar com esse público?
A corrida é para todos: um esporte sem regras
Para responder a essas questões, eu dissequei o estudo "Por Dentro do Corre", realizado pela Olympikus em parceria com a Box1824, a maior pesquisa já feita sobre a cultura da corrida no Brasil.
O levantamento ouviu mais de 2.100 pessoas em uma pesquisa quali-quanti. O critério adotado para a amostragem incluiu pessoas que correm pelo menos uma vez por semana, seja na rua, na academia ou na esteira, garantindo um retrato do universo da corrida e de seus praticantes.
A evolução da corrida no Brasil
Segundo a pesquisa, a trajetória da corrida no Brasil pode ser dividida em três grandes períodos. Entre os anos 1970 e 2000, a prática era vista como algo exclusivo para atletas de alto rendimento.
Essa percepção começou a mudar nos anos 2000, quando grandes marcas esportivas passaram a investir em eventos e produtos voltados para corredores amadores. Esse movimento ajudou a popularizar a modalidade e criar um mercado robusto de vestuário, calçados e tecnologia esportiva.
Desde 2018, a corrida passou a ser vista como acessível a todos. Segundo o estudo, 64% dos brasileiros acreditam que não existe um jeito certo de correr, cada pessoa tem seu próprio estilo.
Essa mudança de mentalidade trouxe um aumento significativo no número de praticantes, incluindo iniciantes e pessoas que não se enxergavam como corredores.
O boom da corrida e a influência digital
Nos últimos anos, a corrida ganhou um novo impulso com o crescimento das redes sociais. O estudo aponta que 65% dos corredores consomem conteúdos sobre corrida online e que o TikTok tem se tornado um canal de descoberta para novos praticantes, especialmente entre os jovens de 18 a 24 anos.
Além disso, a pandemia e o lockdown trouxeram um fenômeno inesperado: 75% dos corredores começaram a correr entre 2021 e 2022 e continuaram praticando. Esse grupo de "esportistas do lockdown" ajudou a consolidar a corrida como um hábito duradouro.
Outro fator que tem impulsionado essa tendência é o crescente interesse pela saúde integral. O estudo mostra que 83% dos corredores afirmam correr para cuidar tanto do corpo quanto da mente, reforçando a ideia de que a corrida não é apenas uma atividade física, mas uma ferramenta para o bem-estar.
Quem são os corredores brasileiros?
Segundo a pesquisa, 58% dos corredores são homens e 42% são mulheres, com a faixa etária mais representativa entre 25 e 45 anos (46%), seguida de perto por aqueles com mais de 45 anos (42%), demonstrando que a corrida se mantém presente ao longo da vida adulta.
Mas, outro dado interessante do estudo é a ascensão das mulheres na corrida. 56% das mulheres começaram a correr há menos de um ano, um número bem superior ao de homens iniciantes (38%). Esse crescimento reflete uma busca maior por autonomia, bem-estar e segurança no esporte.
Regionalmente, a maior concentração de corredores está no Sudeste (51%), mas o Nordeste também se destaca, reunindo 20% dos praticantes e evidenciando a expansão da cultura da corrida pelo país.
Já em relação ao perfil socioeconômico, quase metade dos corredores (49%) pertencem à classe B, enquanto 36% estão na classe C e 15% na classe A, reforçando que a corrida se tornou acessível para um público cada vez mais amplo.
Um outro fato curioso revelado pela pesquisa é que, diferente de outros esportes onde atletas profissionais são as principais referências, na corrida os grandes ídolos são as pessoas comuns.
47% dos corredores se inspiram e encontram motivação em amigos corredores, familiares ou parceiros para manter o hábito.
Esse senso de conexão e identificação fortalece a ideia de a corrida é um esporte acessível e democrático, no qual qualquer pessoa pode se tornar uma referência.
Como e onde correm?
A corrida no Brasil também reflete a diversidade de rotinas e estilos de vida. Enquanto alguns corredores acordam cedo para treinar – 43% correm antes das 8h da manhã –, outros preferem encerrar o dia com a prática esportiva, com 41% optando pelo período entre 18h e 20h.
Esse equilíbrio demonstra que a corrida se adapta à rotina de cada pessoa, sendo tanto um ritual matinal energizante quanto uma forma de relaxar e aliviar o estresse do dia.
Diferente do que se poderia imaginar, a corrida não está mais diretamente ligada a grandes distâncias. O corredor brasileiro percorre, em média, 9,2 km por semana e corre, em média, 3,4 vezes na semana, priorizando a regularidade em vez de longos percursos.
Quando o assunto é local de treino, 61% preferem correr nas ruas, enquanto 43% optam por parques e 35% utilizam esteiras em academias. Além disso, 17% aproveitam avenidas fechadas para a prática, especialmente em cidades que oferecem esse espaço nos finais de semana.
As provas de corrida também fazem parte desse universo, mas não são prioridade para todos. Apenas 23% dos corredores participam regularmente de competições, com uma média de 3,2 provas por ano.
Nessas ocasiões, a distância percorrida costuma ser maior: a média das provas é de 13 km, um número que reflete o perfil de quem busca desafios pontuais sem, necessariamente, focar em alta performance.
O que motiva os brasileiros a correr?
A corrida vai muito além do exercício físico – para muitos, é uma ferramenta de bem-estar, superação e conexão. 42% dos corredores destacam o prazer e a alegria que sentem após correr, reforçando o impacto positivo da prática na saúde mental e na qualidade de vida.
Mas não se trata apenas de lazer: 66% enxergam a corrida como um desafio para superar limites, seja melhorando o ritmo, aumentando a distância percorrida ou simplesmente mantendo a regularidade.
O autoconhecimento também se destaca. Para 80% dos corredores, correr é uma forma de entender melhor o próprio corpo e organizar os pensamentos, tornando-se um momento de pausa na rotina.
Ao mesmo tempo, a corrida fortalece conexões sociais, com 50% afirmando que conhecer novas pessoas e compartilhar essa experiência é uma das melhores partes do esporte.
Além desses fatores, a disciplina é o que mantém muitos corredores em movimento: 41% dizem que esse é o principal motivo para continuar correndo.
No fim, o maior benefício percebido é a sensação de realização e conquista, mencionada por 59% dos entrevistados, reforçando a corrida como um instrumento de transformação pessoal.
Você sabe qual seu perfil de corredor?
A pesquisa propôs quatro perfis de corredores, cada um com motivações e abordagens diferentes para a prática do esporte. Qual deles mais se encaixa com você?
O perfil Corpo & Alma é o corredor apaixonado, que faz da corrida um estilo de vida e influencia ativamente amigos e familiares a aderirem ao esporte. Com 88% afirmando que incentivam outras pessoas a correr, são os favoritos das marcas esportivas, pois sua disciplina e dedicação os tornam verdadeiros embaixadores da modalidade.
O Zen do Corre enxerga a corrida como um meio de equilíbrio físico e mental, um hábito importante para o bem-estar. Esse perfil, que prefere correr sozinho e sem pressões, encontra na prática um momento de organização dos pensamentos – um sentimento compartilhado por 98% dos corredores desse grupo.
O Competidor Nato encara a corrida como um desafio constante. Para ele, competir e vencer são objetivos centrais, e o treinamento rigoroso é indispensável. Metade desse grupo acredita que quem não treina para provas não compreende verdadeiramente o que é correr, e seu compromisso se reflete no investimento em equipamentos de ponta e na busca por evolução contínua.
No extremo oposto, o Espírito Livre tem uma relação mais descomplicada com o esporte. Para esse corredor, o importante é se divertir e encaixar a corrida na rotina quando for conveniente. Com 81% concordando que não existe um jeito certo de correr, eles representam um movimento crescente de corredores que priorizam a experiência e o prazer acima da performance.
Se identificou com algum desses perfis?
O marketing das corridas: um olhar para o negócio
A corrida não é apenas um fenômeno esportivo e cultural no Brasil, mas também um mercado em plena expansão, oferecendo inúmeras oportunidades para marcas e eventos.
Com o crescimento exponencial de praticantes, diversas iniciativas têm transformado a experiência da corrida em algo mais, é um evento social, cultural e comercial.
Um exemplo emblemático dessa tendência foi a Corrida 100% Você, liderada pelo cantor Bell Marques, que reuniu mais de 4 mil corredores na orla de Salvador em sua primeira edição.
Inicialmente planejada para 1.200 participantes, a alta demanda fez com que as vagas esgotassem em apenas 48 horas, obrigando a organização a ampliar a capacidade.
O evento promoveu ativações diferenciadas, como aquecimento com a equipe da FitDance, trio elétrico ao longo do percurso e show do Bell no final. O sucesso foi tão grande que a edição já está programada para percorrer outras capitais brasileiras, como Brasília.
Grandes marcas também têm explorado o potencial desse mercado. A Olympikus, por exemplo, lançou o projeto Correr Transforma, que celebra os 50 anos da marca com um circuito de 50 corridas pelo Brasil, incluindo eventos icônicos como a Maratona Internacional de São Paulo e o Revezamento Volta à Ilha, em Florianópolis.
Essas iniciativas reforçam como o esporte tem se tornado um veículo poderoso para conectar pessoas e promover experiências alinhadas a estilos de vida ativos e saudáveis.
Outra oportunidade está nos produtos e acessórios! A pesquisa mostrou o que não pode faltar no "kit corredor”, os itens indispensáveis para os praticantes. Entre os itens mais usados, se destacam os fones de ouvido (61%), seguidos por shorts com bolso (46%), squeezes ou garrafinhas (40%) e relógios marca-pace (37%).
Outros acessórios como bonés ou viseiras (36%), óculos de sol (30%), pochetes ou braçadeiras (22%) e meias de poliamida (20%) também estão na lista de itens essenciais.
O código da Meia Azul: socialização e flerte
A pesquisa “Por Dentro do Corre” evidencia como a corrida é uma experiência que conecta pessoas. Lembrando que segundo os dados, 50% dos corredores consideram que fazer amigos e conhecer novas pessoas é uma das melhores partes da corrida.
Mas acho que a pesquisa não imaginaria que já existe até um código secreto de flerte: Meias azuis. A iniciativa, que viralizou na internet, usa esse acessório como um código universal para facilitar interações espontâneas entre os solteiros corredores, indicando que estão disponíveis e abertos a novas conexões.
Viu alguém de meia azul na corrida?! Pode ser o sinal para puxar aquele papo ou, simplesmente, anotar o número da inscrição e procurar na listagem da corrida!
Pegou o código?
Fonte: Por Dentro do Corre - O Maior Estudo da Cultura da Corrida no Brasil | Olympikus + BOX1824 (2024)
Por: Antônio Netto
Gerente de Planejamento, liderando estratégias de marketing para o varejo. Com vasta experiência, também sou Professor, mestrando em Administração, e consultor em marketing digital, focado em inovação e prática.
Gostou desse artigo?
Te convido a contribuir mais sobre o assunto!
Compartilhe sua experiência ou cases interessantes.
Siga meu perfil e acompanhe outros textos!
コメント