Descubra como o surgimento do 'Creator 2.0' está transformando o mundo do marketing digital e redefinindo o papel dos influenciadores
No mundo digital, as redes sociais reinam e a figura do influenciador digital é uma constante. Por isso, pode parecer alarmante trazer à tona esse papo sobre o possível fim dos influencers. Mas calma! O marketing de influência não está desaparecendo, mas está evoluindo.
É que uma mudança significativa está se formando no horizonte (e você precisa estar de olho). Este texto explora justamente a possibilidade de estarmos observando o declínio da "era dos influencers" e o surgimento do "creator 2.0". Um fenômeno que indica uma evolução significativa na forma como consumimos conteúdo online.
A Mudança de Paradigma
Historicamente, o marketing de influência se destacou como uma extensão digital do marketing boca a boca, com influenciadores funcionando como canais modernos de recomendação.
Durante a pandemia de coronavírus, a dependência do mundo digital intensificou a influência dessas personalidades. Contudo, a eficácia desses influenciadores começou a ser questionada à medida que o público clamava por conexões mais reais e conteúdos genuínos.
Pesquisas recentes, incluindo uma da Atlas Intel para a revista Veja, sugerem que a confiança e a eficácia dos influenciadores estão em declínio. Apenas 26% dos brasileiros ainda confiam neles, e uma minoria compra produtos por sua recomendação.
Essa mudança é impulsionada por uma saturação de conteúdo muitas vezes superficial e pela falta de ética percebida em várias promoções. A era dos influenciadores que monetizam cada aspecto de suas vidas pode estar dando lugar a uma nova abordagem focada em comunidades autênticas e conteúdo de valor.
O valor do Conteúdo Gerado pelo Usuário (UGC)
O Conteúdo Gerado pelo Usuário (User-Generated Content, na sigla em inglês) ganhou destaque por sua autenticidade e capacidade de gerar confiança na audiência.
Campanhas de UGC, como evidenciado durante a pandemia, se mostraram mais efetivas em comparação com as abordagens de marketing tradicionais. Isso se deve ao fato de que o UGC permite que consumidores reais compartilhem experiências reais.
Inclusive, foi nessa fase que se começou a valorizar mais profundamente o papel dos micro e nano influenciadores nas estratégias de marketing. Esses criadores, apesar de terem um número menor de seguidores em comparação aos grandes influenciadores, se destacam por sua autenticidade e por estabelecerem conexões mais sólidas com seu público.
Isso se deve não apenas à semelhança na realidade (ou inspiração) de vida com seus seguidores, mas também por estratégias que priorizam influências locais, reforçando o impacto geográfico na geração de conteúdo relevante e genuíno.
A ascensão do “Creator 2.0”
A era do Creator 2.0 surge como resposta a essas demandas e representa uma evolução significativa. Diferentemente dos influenciadores tradicionais, esses novos criadores focam em construir comunidades engajadas ao invés de apenas acumular seguidores.
Segundo uma pesquisa da Adobe, existem 300 milhões de criadores de conteúdo globalmente, refletindo um mercado robusto e diversificado. No Brasil, são 20 milhões, indicando uma oportunidade vasta para marcas e criadores locais.
Esses creators são vistos como verdadeiras microempresas, produzindo, escrevendo e editando conteúdo que não apenas atrai, mas também serve sua audiência de maneira funcional e emocional.
Este novo modelo é sustentado por uma mudança cultural profunda entre a geração mais jovem, que valoriza a autenticidade e a utilidade acima do glamour e do entretenimento superficial.
O mercado de influenciadores nos EUA movimentou 16,4 bilhões de dólares em 2022, mas a tendência aponta para um crescimento dos microinfluenciadores, que cultivam um engajamento mais significativo com suas comunidades menores, mas altamente dedicadas.
Impacto para as Marcas
Para as marcas, essa transformação significa repensar como interagem com os consumidores digitais. As empresas precisam agora procurar parceiros que possam oferecer mais do que alcance – eles precisam fornecer relevância e repercurtir genuinamente.
A transição para a economia do "creator 2.0" é também uma resposta ao desgaste do modelo tradicional de influência. Os consumidores estão cada vez mais em busca de conteúdos que refletem seus próprios valores e necessidades. Assim, conteúdo que antes era dominado pela busca da atenção agora busca significado e conexão.
Marcas que souberem capitalizar sobre a autenticidade e a proximidade que o UGC oferece podem construir conexões mais profundas e duradouras com seus consumidores. O engajamento com microinfluenciadores, por exemplo, pode ser uma estratégia eficaz para alcançar nichos específicos de mercado com mensagens altamente personalizadas.
Para onde vamos?
O futuro do marketing digital continuará a evoluir, mas uma coisa é clara: acredito que os dias de influenciadores como meros veículos para mensagens de marcas estão contados.
A nova geração de criadores, o "creator 2.0", está aqui para remodelar como as marcas se conectam com seus públicos, promovendo uma interação que é tanto sobre conteúdo quanto sobre estilo.
Por: Antônio Netto
Gerente de Planejamento, liderando estratégias de marketing para o varejo. Com vasta experiência, também sou Professor, mestrando em Administração, e consultor em marketing digital, focado em inovação e prática.
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