Quando o bichinho vira filho: o mercado pet no Brasil [Pesquisa]
- Freitas Netto
- 16 de abr.
- 3 min de leitura

O que antes era visto como um animal de companhia, hoje ocupa o status de membro da família. E esse movimento, que parece apenas emocional, está impactando diretamente o varejo, os serviços, o turismo, o mercado imobiliário, impactando a forma como marcas precisam se posicionar para continuar relevantes.
Estamos falando do mercado pet brasileiro, um dos maiores do mundo e um dos mais movidos por afeto. E quando o consumo encontra afeto, nasce um campo fértil para marcas que sabem construir vínculos verdadeiros com seu público.
Brasil é um país pet
Com quase 150 milhões de animais de estimação, segundo o Instituto Pet Brasil, o Brasil é o terceiro maior mercado do mundo em número de pets. Isso significa que cerca de 70% dos lares brasileiros têm pelo menos um animal e, em muitos casos, dois ou mais.
Mas não é só sobre quantidade: 65% dos tutores consideram seus pets como filhos, e 81% dizem ser mais felizes por terem um pet em casa. E esse amor vem com disposição financeira: 72% afirmam estar dispostos a gastar o que for necessário para garantir saúde e bem-estar ao animal.
Ou seja: não estamos mais falando de um segmento de “luxo” ou nicho. O pet virou prioridade. E virou centro de decisão de consumo.
Quem são os pets brasileiros?
Segundo a pesquisa Opinion Box (2024), os lares brasileiros têm majoritariamente:
Cães (72%)
Gatos (37%)
Seguidos por aves (8%), peixes (4%) e outros animais, como répteis e roedores (5%).
Mais da metade desses animais (51%) foram adotados, e apenas 31% foram comprados, um dado que reforça a crescente valorização social da adoção e o declínio da compra de animais como prática aceita. Tanto que 40% dos tutores são contra a compra de pets.
Alimentação, higiene e saúde: um combo de gastos afetivos
O cuidado com o pet se reflete diretamente nas despesas mensais:
90% compraram ração nos últimos 3 meses
45% compraram produtos de higiene
38% brinquedos
28% snacks industrializados
A alimentação é, em sua maioria, baseada exclusivamente em ração (79%), e 85% dos tutores gastam até R$ 500 por mês com higiene e estética, enquanto 88% investem o mesmo valor com saúde veterinária.
E os gastos com saúde são expressivos:
52% compraram remédios nos últimos 3 meses
48% aplicaram vacinas
46% levaram para banho e tosa
38% realizaram consultas veterinárias
E até 7% possuem plano de saúde animal
A saúde e o bem-estar do animal estão claramente no centro das preocupações das famílias, tanto quanto um filho humano estaria.
Onde o brasileiro compra para o seu pet?
Apesar do avanço do digital, a experiência de compra ainda é majoritariamente presencial:
60% compram em pet shops e lojas especializadas
24% em supermercados
18% em lojas online
Ou seja, há uma oportunidade real para marcas que queiram integrar o canal físico com o digital, oferecendo experiência, recorrência e personalização.
Pet Friendly não é mais tendência, é exigência
Um dado chama atenção: 44% dos entrevistados já deixaram de frequentar lugares que não aceitam pets. Isso inclui restaurantes, bares, hotéis, espaços de lazer e até condomínios residenciais. O movimento pet friendly não é mais uma tendência para “marcas descoladas”, é uma exigência real do consumidor.
68% dos consumidores preferem comprar de marcas que apoiam a causa animal.
Ou seja, o afeto virou um critério de decisão. A coerência entre discurso e prática passou a valer mais do que o produto em si. E isso muda a lógica de atuação de qualquer marca.
Aliás, 50% dos entrevistados defendem punições mais severas para quem maltrata animais, e 67% acreditam que as leis atuais são insuficientes.
Estamos falando de uma nova métrica de influência: o pet como fator de decisão emocional e prática de consumo.
E isso muda tudo. Para as marcas, o recado é claro:
Quem entender que o pet virou filho, vai sair na frente. Quem humanizar a experiência, respeitar a relação afetiva e entregar valor emocional, vai construir vínculos reais. Quem continuar tratando esse público como um nicho ou uma moda passageira, vai ficar para trás.
Porque o que move esse mercado não é o produto. É o afeto.
Antônio Netto
Planejamento Publicitário | Varejo & Tendências de Consumo
Vencedor do Prêmio Amigos do Mercado 2024 🏆
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